Qualidade de ensino


O futuro já chegou, como garantir qualidade de ensino?

Ao fazer uma análise sobre a educação brasileira, independentemente do nível de ensino (primário, secundário ou terciário) a conclusão sempre é a mesma: é preciso melhorá-la! Basta observar as taxas de evasão escolar e as pesquisas sobre a qualidade da aprendizagem.

Infelizmente os números mostram que os estudantes brasileiros têm muita dificuldade para compreender o que leem, bem como conceitos básicos de matemática e ciências. Estudos revelam que apenas 0,8% dos estudantes atingem níveis com maior conhecimento.

 

A potência maior da educação é sua qualidade de ser o insumo mais importante para o desenvolvimento sustentável. Segundo o Relatório de Monitoramento Global da Educação (UNESCO, 2016), quanto melhor a educação, maior a prosperidade. Por isso é fundamental a maneira como é pensada a educação e seu papel no bem-estar humano e no desenvolvimento global.

Consequentemente, são os professores que têm a responsabilidade de fomentar os tipos adequados de habilidades, atitudes e comportamento que promoverão o crescimento sustentável e inclusivo.É preciso preparar os professores para que colaborem nas mudanças que estão em curso no mundo do trabalho, pois são os que atuam diretamente com os profissionais do futuro.

Como suas ações se impactam o mercado de trabalho?

Estudo desenvolvido em parceria pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP-FGV) e pela PwC destaca como megatendências que já afetam as empresas, fatores como dificuldade de obter profissionais qualificados para as necessidades da sua empresa (73%), o surgimento de novas expectativas e valores em relação ao trabalho e à carreira (62%), além do impacto da tecnologia e da comunicação (47%).

Ao refletir sobre isso, podemos deduzir que o foco de uma educação desatualizada, frente às necessidades atuais e futuras impede a geração de qualidade no ensino, influenciando no aumento do desinteresse dos alunos e das taxas de evasão.

É preciso rever o ensino que valoriza demais o conhecimento cognitivo em detrimento do desenvolvimento de atitudes e habilidades, bem como a comunicação “unificada”, isto é, aquela que privilegia apenas uma estratégia de comunicação – a de quem comunica, seja ela visual, auditiva ou cinestésica, e “esquece” de abranger as estratégias dos seus interlocutores.

Isto fica muito claro quando Claudio Sassaki, CEO da Geekie aponta que “o sistema (de educação) atual estimula a memorização de conteúdos e trata todas as pessoas como se elas fossem iguais”.

Em direção a um novo cenário

Para que a qualidade do ensino aconteça e atenda às necessidades do século XXI é preciso abranger os quatro pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos, aprender a ser.

  • Aprender a conhecer, combinando uma cultura geral, suficientemente vasta, com a possibilidade de trabalhar em profundidade um pequeno número de matérias. O que também significa: aprender a aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida.

 

  • Aprender a fazer, a fim de adquirir, não somente uma qualificação profissional mas, de uma maneira mais ampla, competências que tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe. Isso inclui oportunizar experiências que aproximem o ensino do mundo do trabalho.

 

  • Aprender a viver juntos desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências — realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos — no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz.

 

  • Aprender a ser, para melhor desenvolver a sua personalidade e estar à altura de agir com cada vez maior capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal. Para isso, não negligenciar na educação nenhuma das potencialidades de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar-se.

 

O profissional que queremos

Por conta desse cenário, é urgente investir na qualidade do ensino, pois o trabalho do futuro exigirá flexibilidade dos profissionais para que exerçam diversas atividades e que estejam dispostos a aprender e mudar, sempre que necessário.

Segundo Regina Madalozzo, Coordenadora de mestrado do Insper, os jovens precisam ser preparados para continuar aprendendo. É preciso incentivar muito a educação, o mercado vai precisar de pessoas que aprendam continuamente.

Assim, inegável concluir que inovação e qualidade de ensino estão diretamente relacionadas a fatores como: o uso da tecnologia – enquanto aliada ao processo de ensino e aprendizagem; a multidisciplinaridade, valorizando também a amplitude de conexões; o desenvolvimento de soft kills e da autonomia, tendo a criatividade como elo mobilizador.

A qualidade de ensino de qualquer curso será diretamente proporcional à capacidade de desenvolver em seus alunos não só a competência para resolver problemas, mas também o conhecimento, a empatia, a autonomia e a criatividade.  

Para tanto, investimentos em formações continuadas devem ser parte do cotidiano tanto do profissional quanto da instituição que valoriza a qualidade do seu ensino.

 

Um grande abraço,