Artigos Processo Criativo


Acerte o alvo descobrindo qual é o verdadeiro problema!

Anteriormente já mencionei sobre a importância da criatividade na solução de problemas. Sua resolução fica mais interessante e divertida dependendo da nossa abordagem.

Considerando que o processo criativo também acontece para resolver um problema, como fazer para acertar o alvo?

Aquele que acerta o alvo consegue definir o problema real da situação, isto é, chegar na essência, no fator que mais precisa atenção.

Podemos alcança-lo de diferentes modos. Sakichi Toyoda utilizava o conceito dos cinco por quês que consiste em questionar por que cinco vezes assim que um problema é identificado, para saber sua origem.

Imaginando que a questão seja a pouca criatividade que os alunos manifestam na solução de problemas, questione-se.

Por que os alunos (independente da área de conhecimento em formação) apresentam pouca criatividade para resolver problemas? Uma das razões pode ser não terem conseguido determinar com maior precisão o problema em processo.

Por que não conseguem acertar o alvo? Porque não foram estimulados o suficiente.

Por que foram pouco estimulados? Por que as estratégias criativas e seus reflexos no processo de ensino e aprendizagem ainda são pouco utilizadas pelos professores.

Por que as estratégias criativas são pouco utilizadas no processo de ensino e aprendizagem? Porque o uso do processo criativo e seus recursos ainda são vistos como restritos aos profissionais que trabalham com criação (designers, artistas, arquitetos, publicitários).

Por que mais áreas do conhecimento não fazem uso das estratégias criativas e processo criativo na formação dos alunos?

Eis que surge a solução: oportunizar que professores de diferentes áreas do conhecimento interajam entre si fazendo uso de estratégias criativas na resolução de problemas.

Vemos então que, quando o problema é pouco explorado no processo criativo, sua delimitação apressada e superficial pode levar à equívocos e resultados de baixa qualidade.

Quando conseguimos acertar o alvo, quer dizer, quanto mais conhecemos sobre o problema com propriedade e intimidade, mais o olhar se amplia e perspectivas são oferecidas para sua resolução.

O sucesso de seu processo criativo está diretamente relacionado à descoberta do verdadeiro problema alvo. Seja incansável, questione até acertar o alvo!


Qual é a força da motivação no processo criativo?

Você já percebeu como os desafios se tornam mais fáceis quando você está bem motivado?

Quando alguém se sente confiante, não se abala com as dificuldades ou com os tropeços, comuns em qualquer percurso. Então, como a motivação colabora no processo criativo?

 

Relembrando minha proposta de detalhar as etapas do processo criativo, chegamos à motivação. Pouco adiantará se sensibilizar com algo se não houver motivação suficiente para resolver o problema. Sendo assim, como proceder no processo criativo?

Após haver fortalecido a união da equipe na etapa de integração e despertado sua curiosidade com a provocação, é hora de mobilizar para a ação. Despertar os integrantes para a iniciativa, onde cada um se sente em condições de agir, dizendo internamente eu posso fazer.

Com certeza, você já se sentiu poderoso, pronto para a ação e empolgado ao iniciar um trabalho, porém com o transcorrer do tempo e as dificuldades foi desanimando. Afinal, como manter o fôlego da motivação até o final, gerando um resultado de qualidade?

Há momentos em que o passado é nosso maior aliado.

Sendo assim, destaque para seus alunos, as habilidades já adquiridas anteriormente e que estão sob seu domínio. Faça-os lembrar de ocorrências anteriores quando foram desafiados e como procederam para vencer as dificuldades. Estimule-os a se colocarem física e mentalmente no estado de sucesso.

A motivação estimula a troca de energia vital entre as pessoas envolvidas. Os sujeitos se sentem tocados pela situação apresentada e ao mesmo tempo energizados com o desejo de contribuir na sua solução.

Existem dois tipos de motivação: interna e externa.

Cabe ao professor enquanto fonte da motivação externa, estimular a motivação interna em seus alunos.

A motivação interna é ativada pela autonomia, pelo domínio e pelo propósito. Então, a pessoa motivada é aquela que tem o desejo de conduzir sua vida, buscando sempre aprimorar o seu fazer, atendendo objetivos maiores que apenas a satisfação pessoal.

Sendo assim, alunos motivados realizarão tarefas pelo prazer da descoberta, da resolução do desafio proposto e não para agradar professores ou pela nota da avaliação.

No processo criativo, a motivação é o combustível que mantem os alunos no percurso.

Para tanto, é preciso motivá-los para a ação, orientá-los na primeira ação a ser realizada para que depois sigam por si. Você professor, terá o papel de tutor, auxiliando apenas quando se fizer necessário.

“Time ganha jogo, equipe ganha campeonato.”

Kendy Tateishi Berbel (Jogador sub-20, Associação Chapecoense de Futebol)

Portanto, antes de colocar seus alunos na busca pela resolução de um problema, ative seu estado mental por meio da motivação, fazendo com que se sintam prontos para agir, com a certeza de que são capazes, independente dos percalços que surgirem durante o processo criativo.

Um grande abraço!


Processo criativo: 5 dicas para provocar seus criativos

Despertar o interesse dos alunos hoje em dia, é tarefa por si só desafiadora. Como concorrer com os inúmeros estímulos disponíveis num cotidiano envolto em alta tecnologia??

Mais do que nunca é preciso fazer uso de metodologias que promovam o processo criativo em uma aprendizagem relevante. Com foco a partir da pessoa que é estimulada a desenvolver novas significações, as provocações despertam a curiosidade que podem gerar contribuições criativas.

Sendo assim, mãos à obra:
1. Use provocações alinhadas com a dor do seu público.
Nossa atenção sempre está mais voltada para assuntos que são do nosso interesse. Assim, fazendo uso de temas que de algum modo já estão no radar, será mais fácil captar o interesse do seu público.

2. Dimensione o grau da provocação para atingir seu público.
Conheça seu público e faça a provocação de modo que seja tentadora, sendo impossível resistir a ela. Assim, não pode ser muito fácil que cause o desinteresse e nem muito difícil a ponto de causar frustração.

3. Use fatos do cotidiano e do momento para mobilizar atenção para a provocação.
Tire proveito da conectividade atual onde sabemos de tudo em tempo real. Todo mundo gosta de comentar sobre a última novidade.

4. Crie o momento do desafio, onde qualquer integrante do grupo pode propor uma provocação criativa.
A instauração desse evento, mobiliza para que fiquem atentos e sensíveis ao que acontece no seu cotidiano, além de incentivar a autonomia e o gosto pela resolução de desafios.

5. Convoque a utilização de outros sentidos que não apenas a visão e audição.
Para absorver informações e nos comunicar podemos utilizar três canais: o visual, o auditivo e o cinestésico; com predominância de um sobre os demais. Como a sala de aula é um ambiente múltiplo, é fundamental que sejam oferecidas provocações que estimulem todos os canais.
Desse modo, ao explorar todas as diferentes linguagens: visual, sonora (falada, musical), gestual e escrita, daremos oportunidade para que todos se sintam provocados.

A criatividade começa quando as pessoas se sentem motivadas pela pura alegria de fazer o que fazem.
Renata Di Nizo


Processo criativo: como estimular a integração no grupo?

Já aconteceu de você estar dirigindo uma oficina ou curso, pedir para os integrantes formarem grupos e você perceber que se instala um estado de ansiedade, de apreensão?

Mesmo estando ali para viverem novas experiências, os primeiros momentos de integração sempre despertam dúvidas, afinal, quem são estas pessoas? O que pensam? Como acolhem as ideias propostas? Tudo isso afeta o processo criativo.

Isso é reflexo de barreiras culturais e emocionais que se instalaram desde muito cedo, fazendo com que a expressão criativa seja regulada pelo medo de tudo que possa ser considerado ridículo ou motivo de crítica alheia, prejudicando a integração no grupo. Como acabar com esse fantasma?

Para que o processo criativo se realize de modo potente é preciso primeiramente qualificar o grupo, ou seja torna-lo “um corpo só”. Isso quer dizer que todos devem se respeitar, sendo importantes em igual medida.

Então, a integração dos membros é fundamental, onde o primeiro passo é a quebra de escolhas prévias, ou seja, quem integrará o grupo. Os integrantes não escolhem uns aos outros, mas são escolhidos por suas próprias tomadas de decisão. Por exemplo: para a formação dos grupos, solicitar a escolha de frutas, cores, flores ou objetos ligados ao problema que o processo criativo será desenvolvido. Ou seja, qualquer elemento que não apresente hierarquia de valor, como acontece com números e letras do alfabeto.

Desse modo, a cada escolha grupos com novos integrantes terão oportunidade de ser formados, novos vínculos serão estabelecidos, enriquecendo de possibilidades o processo criativo por meio de sua integração.

Nesse momento, o objetivo maior é o acolhimento, desenvolvendo nos integrantes a segurança para explorar todo o seu potencial criativo. O modo como os integrantes de um grupo se sentem irá determinar a coesão do grupo e por sua vez, influenciar na qualidade do processo criativo.

Para dar início ao processo criativo é preciso estar “aquecido”, envolvido e ao mesmo tempo confiante. Quando consideramos que este percurso será desenvolvido em grupo, é fundamental a presença da confiança, pois o medo da exposição é uma poderosa barreira ao fluxo de ideias.

Durante a integração também é importante promover a consciência de que todos os integrantes são especiais, pois cada um traz uma experiência de vida única. Esta diversidade natural se manifesta como um fator que enriquece o grupo, oferecendo mais perspectivas na geração de ideias.

Ao quebrar pré-julgamentos na formação do grupo, ao mesmo tempo em que se estimula a integração por meio da confiança, autoconceito positivo e geração de ideias, o grupo é preparado para a etapa seguinte: a provocação.

Você recorda uma experiência marcante envolvendo trabalho em grupo? Compartilhe comigo!

Abraços,
Glória Weisheimer


Como é seu processo criativo?

Outro dia estava lembrando de quando fui em uma abertura de exposição de arte na qual os artistas falavam sobre suas obras e como tinha sido seu processo criativo. Afinal ao apreciar a obra todo mundo se pergunta “como é que foi feita? no que o artista pensava?”

Minha surpresa foi constatar que enquanto alguns artistas expunham com clareza seu processo criativo, delineando o percurso e o problema de origem, outros falavam de inspiração, ideias soltas e investigações aleatórias. Fiquei curiosa: por que será que isso acontece?

Afinal, o que compreende o processo criativo? Considerando o próprio significado da palavra processo como um movimento contínuo, um percurso que se desenrola, é constituído por etapas, ou seja, precisa de tempo para acontecer. Não é imediato, nem instantâneo.

Ao refletir sobre o significado de criativo, está associado com o movimento entre o inédito e a bricolagem, o lógico e o lúdico, o curioso e o necessário. Nem sempre precisa fazer sentido imediato, mas precisa existir.

Então, quais e como seriam as etapas do processo criativo? Como a educação pode se beneficiar do seu uso no processo de ensino aprendizagem? Essas são algumas questões que irei abordar neste e nos próximos artigos.

Enquanto educadora preciso organizar o conhecimento para que possa elaborar o processo de ensino aprendizagem e assim atingir os resultados a que me propus. O mesmo acontece com relação ao processo criativo. Assim, organizei-o em fases denominadas: integração, motivação, provocação, problema, conhecimento e feedback.

Mesmo que cada fase tenha sua “personalidade”, são interligadas. O movimento do percurso faz com que se complementem. O processo criativo mobiliza o individual e o coletivo, a imaginação e a realidade, a emoção e a razão. Sem precisar abrir mão de um para tocar o outro.

Nossa maior dificuldade não é criar, é não saber como isso acontece! Então, que tal se deixar levar pela curiosidade e explorar o percurso do processo criativo?


Criatividade como potência da Educação

A reflexão sobre o desenvolvimento da criatividade não é novidade, já ocorria desde a década de 1960, porém como incorporá-la ao dia-a-dia da Educação?

 

São muitos os desafios com os quais a educação brasileira convive todos os dias, como por exemplo, programas curriculares engessados em horários fixos; conteúdos extensos, principalmente de conhecimentos já estabelecidos historicamente; predomínio de aulas expositivas, conduzidas apenas pelo professor, avaliações que medem o grau de memorização, etc.

Além disso, a Educação sofre com a concorrência exercida naturalmente pela tecnologia e seu potencial interativo. A todo momento somos provocados para curtir, compartilhar ou postar.

Não é mais possível ficar falando mal do fascínio que a conectividade oferece. Façamos dela uma aliada!

Do mesmo modo, como falar em metodologias ativas, sala de aula invertida, aluno protagonista de seu saber, professor mediador, professor tutor, se o espaço da sala de aula ainda tem a mesma “cara” que tinha no século XIX? Como mudar?

Embora se reconheça a importância do uso da criatividade na solução de problemas, ainda é muito vista como restrita a determinadas áreas do conhecimento, especialmente às ligadas a artes, design e publicidade.

Mas isso é um engano, a criatividade é algo que pode ser entendido e aprendido por todos. Para tanto, é preciso que o ambiente (a sala de aula/a escola) favoreça seu desenvolvimento, permitindo que se faça a sua expressão em diferentes linguagens.

Sob o mesmo ponto de vista, alunos e professores devem ser constantemente curiosos com o que lhes é desconhecido, inquietos com o que já conhecem e motivados pelos desafios. Para tanto, devem ter autoconfiança e motivação interna.

Dessa forma, alunos, professores e ambientes escolares podem ser elos de um movimento infinito que, em alguns momentos se tocam e noutros têm seu próprio percurso mediados pela criatividade.

Assim sendo, haverá momentos de reflexão individual, de busca e desenvolvimento do seu próprio processo criativo e momentos de troca com os outros participantes.

Com o tempo, cada um – aluno ou professor, poderá desenvolver seu próprio código criativo. Por meio da aplicação da criatividade estarão simplificando situações complexas que darão origem a soluções inovadoras e relevantes para problemas reais.

Um grande abraço, 

Glória Weissheimer