Artigos Olhar sensível


Quando desafios deixam saudades?

Outro dia encontrei um aluno no corredor da faculdade e enquanto nos dirigíamos para as respectivas salas de aula ouvi dele um comentário que me fez pensar….  “que saudades das suas aulas, elas traziam desafios!”

Senti enorme satisfação, com sensação de dever cumprido!

Ainda mais porque este aluno, havia retomado seus estudos após longo período, o que exigiu um esforço maior de sua parte. Mesmo assim, sentiu-se encorajado para superar os desafios propostos. Não é motivo de satisfação?

Os desafios que proponho a meus alunos é o de potencializar sua aprendizagem fazendo uso do desenvolvimento da criatividade ao mesmo tempo que incentivo seu autoconhecimento.

Como esses desafios colaboram na aprendizagem?

Naturalmente, independentemente do grau de conhecimento já adquirido, da experiência de vida trazida ou das competências e habilidades já desenvolvidas, todos nós sempre temos questões a superar. Assim sendo, todos somos candidatos para desafios!

 

Do mesmo modo, a sala de aula, é na sua origem, o espaço perfeito para a realização de desafios que promovam aprendizagem. Cabe então ao professor inspirar seus alunos para que os realizem de maneira que seus resultados colaborem no desenvolvimento pessoal.

Por outro lado, quando o processo de ensino e aprendizagem se mantém preso ao repasse e aquisição de conhecimentos já consolidados e estabelecidos, não há espaço para a curiosidade, o questionamento e a criatividade.

Ali dominam a hierarquia, a rotina e a desmotivação.

É possível virar o jogo!

Os desafios que resultam em crescimento pessoal motivam para a ação e têm seu resultado desejado planejado desde o início. Levam em consideração as defasagens individuais e o gerenciamento do tempo, sem abrir mão do objetivo final.

Além disso, os desafios devem envolver resultados para curto, médio e longo prazo. Para se manter com motivos para a ação, os desafiados devem poder “saborear” pequenas vitórias que ao final irão gerar a transformação – o desenvolvimento de uma nova habilidade, competência ou aquisição de novo conhecimento.

Ao mesmo tempo, assim como as singularidades são respeitadas, é preciso estimular a importância do trabalho para o bem de todos, onde o mais importante é que todos alcancem a superação gerada pelos desafios.

Desse modo, mais importante do que a satisfação instantânea gerada pela descoberta pessoal é a valorização do trabalho colaborativo, pois a dificuldade de um pode ser a habilidade de outro.

Enfim, os desafios que promovem aprendizagem se guiam por uma causa – superação e autoconhecimento, porque mais do que simplesmente aprender, o que se busca é uma transformação.

Assim sendo, têm seus resultados planejados com antecipação, respeitam a experiência de vida dos desafiados, sem limitar-se a ela.  Durante seu percurso, também são previstas gratificações com níveis diferentes e valorizam a relação interpessoal.

Deixamos saudades quando mobilizamos as pessoas de modo que os desafios promovam transformações e compromisso compartilhado. Você não  acha que é um bom motivo?


Bloqueio criativo: 5 Dicas para resolvê-lo

Um comentário inoportuno feito em público? Uma infelicidade trazida pela vida? Um ambiente que pressiona com prazos e conteúdo? Tudo isso e muito mais pode ser motivo para que se instale o bloqueio criativo. O que fazer?

 

Para que isso você não fique refém destes momentos, correndo até o risco do bloqueio criativo virar um hábito cada vez que a pressão aumenta, é importante saber de onde vem.

A origem do bloqueio criativo pode ser interna, de ordem mental ou emocional; do próprio meio sociocultural ou ainda do ambiente de trabalho.

Para dominá-los, é preciso identificar esses bloqueios criativos e tomar consciência deles.

Como a criatividade está relacionada à maneira de ser e de fazer algo, é importante ficar atento ao modo como você se relaciona com os bloqueios criativos com os quais se depara.

Seguem algumas dicas para acabar com alguns bloqueios à criatividade:

  1. Flexibilidade: mantenha a percepção e o pensamento flexível frente ao problema. Explore mais de uma dimensão. Lembre-se que vários caminhos levam à Roma!
  2. Exploração: estabeleça conexões entre os elementos do problema, fazendo associações com algo que você já conheça. Dê asas à imaginação!
  3. Atenção: mantenha um olhar aguçado, a verdade nem sempre está na aparência. Um detalhe pode fazer a diferença.
  4. Curiosidade: utilize mais de um sentido na observação do problema. Chame sua criança interior para lhe ajudar.
  5. Insatisfação: exercite a busca de mais de uma solução para qualquer problema. Não se dê por satisfeito com a primeira resposta. Todo problema sempre tem mais de um ponto de vista.

A valorização excessiva do raciocínio lógico diminui a imaginação, facilitando a instalação do bloqueio criativo. Exercitar a criatividade exige que você saia da zona de conforto, dos caminhos conhecidos e explore outros percursos.

 

   Faça o que pode, com o que tem, onde estiver.

Theodor Roosevelt

Então, não se intimide! Vire a página e comece novamente!

Um grande abraço,

Glória Weissheimer


O olhar sensível no exercício da criatividade

Olhar sensível é uma expressão que contém duas palavras muito utilizadas no cotidiano. Quando conectadas ao exercício da criatividade, adquirem potencial de ferramenta e habilidade. Como isso acontece?

Você já percebeu que estamos em constante contato com estímulos visuais? Tudo o que nos rodeia, seja de origem humana, animal, vegetal ou industrial, é constituído por cores, formas, linhas, texturas, dimensões e planos. A questão é: como percebemos isso?

A visão é o sentido mais utilizado desde o nascimento. Desde que nasce o bebê é estimulado para desenvolver a memória de reconhecimento visual. Esta se desenvolve quando são apresentados dois objetos simultaneamente, sendo um deles desconhecido. Sua capacidade de distinguir os estímulos será maior na medida em que fixar mais a atenção ao estímulo desconhecido. Como fazer com que esse olhar interessado se torne um olhar sensível?

A sensibilidade para o que é desconhecido ou inusitado exige que você esteja disposto a experimentar as sensações estimuladas pelos sentidos quando elas se manifestarem. São elas que conectam você ao mundo e ao que acontece ao seu redor. Então, se permita sentir….

Quando estas sensações chegam à consciência, se tornam percepções, pois adquirem maior elaboração mental.

Seu olhar sensível se manifesta quando você se sente estimulado por algo que vê e traduz isso em palavras (internas ou não). Desse modo, seu repertório de imagens é ampliado.

O mesmo acontece com os outros sentidos: tato, audição, olfato e paladar.

Porém, você não utiliza apenas um sentido para se apropriar de algo. Geralmente estão envolvidos mais de dois sentidos. Um exemplo disso foi a cena que presenciei na banca de revista.

Estava uma menina de 4 anos aproximadamente junto com a mãe, aguardando o pai. A menina estava dentro do carrinho do mercado, junto com um vaso de girassóis. Minha atenção foi mobilizada porque a mãe dizia:

– Não faça assim, você vai machucar a plantinha!

-Mas eu quero ver! , justificava a menina

– Então veja com os olhos, não com as mãos!

A menina estava impressionada com a flor, cheirava, olhava, tocava e manifestava verbalmente sua satisfação.

Pensei, em que momento da vida passamos a nos contentar a restrição, com o empobrecimento de um olhar sensível? Como expressar criatividade se a exploração do mundo se tornou empobrecida?

Uma possibilidade é desenvolver a inteligência fluida, proposta por Horn e Catell, caracterizada pela capacidade de desenvolver problemas novos e que exigem pouco ou nenhum conhecimento prévio. Este tipo de inteligência é relativamente independente de influências educacionais e culturais.

A capacidade de perceber relações, formar conceitos e fazer conclusões são próprias da inteligência fluida, assim como a rapidez perceptual.

Para que você desenvolva seu olhar sensível é preciso manter seus sentidos conectados com o ambiente, se permitir afetado pelas emoções que emergirem dessa experiência e transformá-las em percepções conscientes. Assim poderão ficar guardadas em seu arquivo mental para serem utilizadas como recurso durante o processo de criatividade.

Então, que tal explorar seu olhar sensível e ganhar mais em criatividade?

Um abraço,