Artigos Criatividade


Como é seu processo criativo?

Outro dia estava lembrando de quando fui em uma abertura de exposição de arte na qual os artistas falavam sobre suas obras e como tinha sido seu processo criativo. Afinal ao apreciar a obra todo mundo se pergunta “como é que foi feita? no que o artista pensava?”

Minha surpresa foi constatar que enquanto alguns artistas expunham com clareza seu processo criativo, delineando o percurso e o problema de origem, outros falavam de inspiração, ideias soltas e investigações aleatórias. Fiquei curiosa: por que será que isso acontece?

Afinal, o que compreende o processo criativo? Considerando o próprio significado da palavra processo como um movimento contínuo, um percurso que se desenrola, é constituído por etapas, ou seja, precisa de tempo para acontecer. Não é imediato, nem instantâneo.

Ao refletir sobre o significado de criativo, está associado com o movimento entre o inédito e a bricolagem, o lógico e o lúdico, o curioso e o necessário. Nem sempre precisa fazer sentido imediato, mas precisa existir.

Então, quais e como seriam as etapas do processo criativo? Como a educação pode se beneficiar do seu uso no processo de ensino aprendizagem? Essas são algumas questões que irei abordar neste e nos próximos artigos.

Enquanto educadora preciso organizar o conhecimento para que possa elaborar o processo de ensino aprendizagem e assim atingir os resultados a que me propus. O mesmo acontece com relação ao processo criativo. Assim, organizei-o em fases denominadas: integração, motivação, provocação, problema, conhecimento e feedback.

Mesmo que cada fase tenha sua “personalidade”, são interligadas. O movimento do percurso faz com que se complementem. O processo criativo mobiliza o individual e o coletivo, a imaginação e a realidade, a emoção e a razão. Sem precisar abrir mão de um para tocar o outro.

Nossa maior dificuldade não é criar, é não saber como isso acontece! Então, que tal se deixar levar pela curiosidade e explorar o percurso do processo criativo?


Criatividade como parceira na Educação

Nos artigos anteriores compartilhei reflexão sobre o papel da criatividade na educação. Seria a criatividade a “salvadora” do momento? Afinal, criatividade e inovação são as estrelas da atualidade.

 

Por outro lado, há muito tempo há quem reconheça o potencial da criatividade como gerador de desenvolvimento, seja intelectual, afetivo, social e até econômico. Dito isto, não seria então melhor ter a criatividade como parceira na Educação?

Embora a escola seja um ambiente perfeito para estimulação e desenvolvimento da criatividade, revela um dos vícios da Educação Brasileira: a valorização do não-pensar, como cita Eunice Soriano de Alencar.

A grande frequência de perguntas que admitem apenas uma resposta correta fazem com que o exercício da criatividade não se desenvolva, e sim, apenas a memória. Como resultado, temos uma aprendizagem por tempo limitado.

Assim sendo, como proceder para facilitar a expressão da criatividade e gerar aprendizagem significativa?

Ao analisar o cotidiano escolar, observamos que a criatividade é abordada em ações pontuais desenvolvidas de maneira irregular, ou seja, em alguns momentos do ano escolar, por alguns professores apenas.

Isso é reforçado pela visão tradicional do ensino onde a ênfase maior é na transmissão de informações, privilegiando o uso de textos (escritos) que são incompreensíveis para os alunos. Embora se reconheça que imagens também são textos, novamente observamos o despreparo para a leitura de textos visuais.

Acrescente-se a isso a valorização do uso da memória, da atitude passiva do aluno (quieto e atento), apenas respondendo às perguntas provocadas pelo professor. A troca de saberes entre as partes fica empobrecida, acontecendo raramente.

Do mesmo modo, o pouco apoio da escola – no papel da direção e dos colegas professores, para a implementação de práticas pedagógicas inovadoras, acaba colaborando para que o desenvolvimento da criatividade aconteça apenas em algumas ocasiões.

Que possíveis soluções podemos encontrar?

Colocar em prática os motivadores adequados ao desenvolvimento da criatividade para que a aprendizagem seja significativa, não restrita a um determinado conhecimento ou habilidade.

Outro recurso é ampliar a utilização das outras linguagens, tais como a visual, sonora, gestual de modo que o aprendiz se sinta motivado a participar ativamente do processo de ensino-aprendizagem.

Na prática isso equivale a se aproximar do seu mundo de interesse, sejam games, vídeos, RPG ou mesmo uma intervenção na sua comunidade.

Como o professor é aquele que tem maior contato e, consequentemente, influência sobre os alunos, cabe a ele ser o motivador principal. Dentre suas ações estão: estimular os alunos a levantarem questões de estudos, discussão e pesquisa.

A avaliação deve ser vista como um momento de retorno (feedback) do processo, ocorrendo durante todo o percurso.

Assim sendo, a criatividade poderá se manifestar em qualquer fase do processo, já que é potencial de desenvolvimento pessoal e coletivo. Portanto, é maleável, adaptando-se a cada situação. Disponível a todos, cabe a cada um de nós fazer a escolha: vamos ter a criatividade como nossa parceira?

Envie seu comentário!

Um grande abraço,
Glória Weisseimer


Criatividade como potência da Educação

A reflexão sobre o desenvolvimento da criatividade não é novidade, já ocorria desde a década de 1960, porém como incorporá-la ao dia-a-dia da Educação?

 

São muitos os desafios com os quais a educação brasileira convive todos os dias, como por exemplo, programas curriculares engessados em horários fixos; conteúdos extensos, principalmente de conhecimentos já estabelecidos historicamente; predomínio de aulas expositivas, conduzidas apenas pelo professor, avaliações que medem o grau de memorização, etc.

Além disso, a Educação sofre com a concorrência exercida naturalmente pela tecnologia e seu potencial interativo. A todo momento somos provocados para curtir, compartilhar ou postar.

Não é mais possível ficar falando mal do fascínio que a conectividade oferece. Façamos dela uma aliada!

Do mesmo modo, como falar em metodologias ativas, sala de aula invertida, aluno protagonista de seu saber, professor mediador, professor tutor, se o espaço da sala de aula ainda tem a mesma “cara” que tinha no século XIX? Como mudar?

Embora se reconheça a importância do uso da criatividade na solução de problemas, ainda é muito vista como restrita a determinadas áreas do conhecimento, especialmente às ligadas a artes, design e publicidade.

Mas isso é um engano, a criatividade é algo que pode ser entendido e aprendido por todos. Para tanto, é preciso que o ambiente (a sala de aula/a escola) favoreça seu desenvolvimento, permitindo que se faça a sua expressão em diferentes linguagens.

Sob o mesmo ponto de vista, alunos e professores devem ser constantemente curiosos com o que lhes é desconhecido, inquietos com o que já conhecem e motivados pelos desafios. Para tanto, devem ter autoconfiança e motivação interna.

Dessa forma, alunos, professores e ambientes escolares podem ser elos de um movimento infinito que, em alguns momentos se tocam e noutros têm seu próprio percurso mediados pela criatividade.

Assim sendo, haverá momentos de reflexão individual, de busca e desenvolvimento do seu próprio processo criativo e momentos de troca com os outros participantes.

Com o tempo, cada um – aluno ou professor, poderá desenvolver seu próprio código criativo. Por meio da aplicação da criatividade estarão simplificando situações complexas que darão origem a soluções inovadoras e relevantes para problemas reais.

Um grande abraço, 

Glória Weissheimer


Criatividade como “salvadora” da Educação

Quem atua na Educação tem ouvido muito sobre a necessidade da criatividade para melhorar os resultados do processo de ensino-aprendizagem.
Chega a soar como um remédio para todos os males. O aluno não gosta de ler? Seja criativo! Não consegue manter a atenção por mais de 15 minutos? Seja criativo! Não executa as atividades? Seja criativo! E por aí vai….
Afinal, qual é o papel efetivo da criatividade na crise atual da Educação?
Acredito que estamos em um momento de transição, onde o processo de ensino-aprendizagem conhecido e ainda muito utilizado é que está em crise. Nele, o professor é o agente ativo – aquele que ensina, e o aluno, o agente passivo –aquele que aprende ao responder às motivações lançadas pelo professor.
Embora a percepção de que os alunos aprendam de modos diferentes e em tempos diferentes seja conhecida há mais de 25 anos, ainda assim pouco mudou. A ênfase maior ainda é dada no conteúdo estabelecido historicamente.
Como é seu diálogo com a criatividade? Infelizmente, muitas vezes, fica restrito a iniciativas pontuais de professores.
Ao mesmo tempo, cada vez mais aumenta a consciência de que é preciso preparar os alunos para a resolução de problemas, inclusive aqueles que não conseguimos prever. Além disso, prepará-los para enfrentar os desafios de um cenário incerto e complexo como é o século XXI.
Ao observar o passado, vemos que ainda na década de 1960, Jerome Bruner (1962) destacou a importância do desenvolvimento da criatividade nos alunos, como preparação para o futuro, já que este é difícil de ser definido.
Vemos então a criatividade como uma das ferramentas que o tornam preparado para viver. Ao desenvolver o potencial criativo juntamente com as habilidades cognitivas, isso irá colaborar na sua percepção de si, do outro e da vida.
Para tanto, uma das opções é incentivar o uso de jogos e da fantasia tanto quanto do conhecimento teórico complementado pela experiência pessoal. A expressão da criatividade pode e deve fazer uso das diferentes linguagens (verbal, visual, sonora e gestual), colaborando assim para aumento da flexibilidade na resolução de desafios.
Assim, a criatividade não será vista como a “salvadora” da Educação, mas como uma companheira sempre presente.


Crenças e a criatividade

O ser humano é movido por crenças. Algumas são fortalecedoras e impulsionam para a realização e exercício da criatividade. Outras são limitantes, causando imobilidade mental ou física.

Um exemplo de crença limitante é que apenas algumas pessoas são realmente criativas. Este modo de pensar é fortalecido pelo relato de histórias de alguns escolhidos como criativos, pois suas ideias já nascem prontas.

Por meio desse tipo de crenças foi se consolidando o mito do gênio criativo. J. S. Bach, Mozart, Picasso, Einstein e tantos outros são reverenciados tanto pela contribuição à humanidade quanto pela aura que se criou em torno da sua capacidade de criação.

Porém, o conceito de “gênio” como ser completo e iluminado é uma construção romântica e idealizada. Bach, por exemplo, integrava uma família de músicos profissionais, onde a música fazia parte do cotidiano há várias gerações.

Bach dedicou sua vida ao estudo da música, trabalhando incansavelmente em diferentes lugares da Alemanha em busca do aperfeiçoamento.

Sua fama, esteve ligada ao virtuosismo na execução do cravo e do violino, bem como no cumprimento de prazos para entrega de composições sacras exigidas pelo culto luterano da época. Sua produção musical abrangeu inúmeros gêneros, tais como, cantata, concerto, moteto, coral, oratório, sonata, suíte, além de fantasia, fuga……

Como alimentava sua criatividade?

Criatividade e boas soluções são resultados de muito esforço mental. Aliado à técnica e dedicação de tempo. O processo criativo é um percurso – individual ou criativo – onde é comum o momento da dúvida, do erro, do conflito e da adversidade.

Por exemplo, Bach buscou no início, referências para explorar sua criatividade na polifonia gótica dos mestres flamengos do século XV, utilizando recursos que estavam a sua disposição (era dono de um órgão e de uma orquestra) para explorar novas possibilidades.

A criação está ligada às nossas crenças pessoais e sociais. A consciência das crenças que nos afetam é que nos permite dar o salto de libertação, questionando o novo, ainda desconhecido e abrindo-nos para o inusitado.

Voltando à produção de Bach como exemplo, ao compor as cantatas, ele utilizava textos de outros poetas ou texto religioso como base e criava as melodias. Incluindo temática religiosa e profana, foram mais de 350 cantatas.

Dessa forma, para atender uma grande demanda, Bach se utilizou do conhecimento técnico musical adquirido, fazendo com que as dificuldades que se apresentavam fossem resolvidas com criatividade, ou seja, com muito trabalho.

Então, nada de ficar focando em crenças que limitam e bloqueiam a criação, trabalhe muito, trabalhe insistentemente. Conheça o que já foi realizado e busque novas combinações. Depois de pronto você verá quem venceu: a criatividade.

Um grande abraço, 

Glória Weissheimer


Faça dos limites uma vantagem

Quando pensamos em limites logo associamos com a imagem de uma barreira, algo que bloqueia a continuidade de uma ação.

A imagem mental pode ser acompanhada do sentimento de frustração e da sensação de que seja qual for o limite, ele exigirá mais energia para ser superado.

 

Pode ser o sinal vermelho que ascende bem quando estamos em frente a ele, o ingrediente que acabou no meio do processo ou o recurso financeiro limitado para realização de um projeto de vida.

Como ser criativo, quando tudo parece que está contra nós? Nessa situação somos desafiados a buscar uma nova perspectiva, um outro olhar.   Como diz o ditado, é preciso tirar leite de pedra.

Em primeiro lugar, “faça amizade com a pedra”, ou seja, veja os limites como uma oportunidade de ser criativo.

Se criatividade depende de recursos mentais, forçar o foco nos limites pode criar condições para que seja descoberta uma nova solução, até então desconhecida.

Como isso pode ser possível? Você já percebeu como é fácil comprar um presente para alguém quando o dinheiro não é problema? Mas, quanto maior o limite financeiro, mais criativo você tem que ser.

A criatividade também fica prejudicada quando o fator limitante é o comportamento, ou seja, o modo de agir e reagir frente aos estímulos sociais, aos sentimentos ou à combinação de ambos.

Por exemplo, se toda opinião contrária à sua é percebida como perseguição ou simplesmente ignorada, esse comportamento impede você de explorar outras perspectivas do problema, limitando-o a uma só: a sua.

Todos nós enfrentamos no dia-a-dia limites de recursos, pois sempre que estamos resolvendo uma questão, ela envolve tempo, dinheiro ou conhecimento.

Enquanto o sinal está fechado você pode fazer um exercício contra o estresse, relaxando ombros e pescoço. Acabou o ingrediente? É a oportunidade de mostrar seu talento como inovador e deixar registrado seu toque de mestre.

Não importam quais sejam os limites, é a nossa perspectiva sobre eles que os fazem ser um problema ou uma vantagem.

Um grande abraço,

Glória Weissheimer